quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sedução

Apocalipse 22.7: "Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro".

Corria o ano 155 da era cristã. Um velhinho, de cabelos brancos, com 87 anos, está perante o juiz, acusado de um grande crime: ser cristão. Seu nome é Policarpo.

O juiz, quando viu aquele homem tão idoso, ficou com pena dele. Sabia que Policarpo era um homem de bem e não achava certo queimar um homem assim no fogo. Por isso procurou ser bondoso para com ele. Sugeriu que ele negasse a Cristo por apenas alguns instantes, que ele o soltaria.

A esta sugestão carnal Policarpo respondeu: "Oitenta e seis anos servi ao Senhor e ele nunca me fez mal. Como posso agora negar o meu Salvador e blasfemar contra ele, ele que me salvou".

E, quando o juiz, irritado, ameaçou jogá-lo no fogo para fazer medo nele, Policarpo respondeu: "Não tem problema, pode me jogar no fogo, se quiser. Mas não se esqueça de um outro fogo que irá atormentar o seu espírito eternamente". E Policarpo morreu queimado. Hoje ele está no céu com Jesus.

Policarpo foi apenas um dos muitos que foram mortos, queimados no fogo. Além dele, milhares de outros foram perseguidos e mortos. E foi para fortalecer a fé dessa gente, que Cristo mandou escrever o livro de Apocalipse, no qual encontramos as palavras do texto para a mensagem de hoje: "Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro".

Essa mesma exortação é dirigida também a nós cristãos do século 21: jovens, velhos, crianças e adultos.

Hoje não sofremos perseguições como nos tempos bíblicos. Ninguém de nós ainda foi preso por causa de sua fé. Mas nem por isso podemos ficar despreocupados. Hoje os perigos são outros.

Naquela época as perseguições visavam a vida da pessoa, matava-se o corpo. Hoje mata-se a alma. Satanás apenas mudou de tática. Achava que, matando os cristãos, os outros, com medo, não se tornariam cristãos. Mas logo viu que estava enganado. Pois quanto mais a igreja era perseguida, mais ela crescia. Por isso ele mudou de tática.

Conta-se que Satanás reuniu certa vez os demônios para procurar um meio a fim de acabar com a igreja. E na reunião cada um deles deu a sua idéia. Um disse: "Nós temos que destruir os cristãos, pois são eles que compõem a igreja. Acabando com os cristãos, vamos acabar com a igreja". Mas Satanás disse: "Isso nós já experimentamos e não deu certo. Além de não conseguir acabar com eles, quando matamos um cristão o estamos perdendo, mandando-o mais cedo para o céu. Acabamos com o seu corpo, mas perdemos a sua alma".

Outro disse: "Nesse caso temos que deixá-los todos vivos, só matar aqueles que não têm fé. Vamos fazer de tudo para não deixá-los morrer, mas levar logo quem está do nosso lado". Satanás, irritado, disse: "Isso também não está certo. Se deixarmos vivo só os cristãos, eles vão dominar o mundo e não vai ter ninguém para atrapalhá-los".

Então outro concluiu: "Nesse caso eu já sei o que fazer. Em lugar de fazer mal aos cristãos, devemos fazer o bem a eles. Devemos nos tornar seus amigos e dar-lhes tudo o que desejam: o mundo com os seus prazeres. E para isso podemos usar até aqueles que já são nossos para atraí-los também para o nosso lado". E Satanás aprovou a idéia.

Não sei se essa reunião de fato aconteceu. Mas a verdade é que Satanás está fazendo exatamente o que a estória diz. Já que não consegue acabar com os cristãos a base da violência, ele então os seduz para o pecado.

Essa é hoje a grande arma de Satanás: a sedução. Ele oferece a todos prazeres, vida fácil, solução para os seus problemas através da macumba e feitiçaria. E, depois, quando o sujeito vai na sua conversa, ele exige a sua alma.

Por isso a Bíblia nos adverte dizendo: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar. Resisti-lhe firmes na fé". Numa outra ocasião Jesus recomenda: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca".

Vigiar significa ficar de sobreaviso. Não se expor ao perigo, não se conformar com o mundo.

Deus sabe o perigo que o mundo representa para o cristão. Deus conhece as táticas do diabo, bem como a nossa natureza corrompida. Por isso Deus nos adverte: "Não ameis o mundo e nem as coisas que há no mundo. Pois não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus".

Quando Deus nos adverte contra os perigos do mundo, ele não está querendo o nosso mal, mas sim o nosso bem. Deus não é o tira-prazer de ninguém. Deus quer apenas a nossa felicidade eterna.

Muitas pessoas, quando ouvem falar de Cristo, o seguem com muita alegria. Mas com o passar do tempo vão se envolvendo com o mundo e perdem a sua fé. Quantas pessoas já não foram membros ativos na congregação, se deixaram levar pelo mundo e hoje não são nada. Isso acontece na nossa igreja, acontece nas outras igrejas e aconteceu também nos tempos bíblicos.

As sete cartas de Apocalipse às igrejas da Ásia Menor é um exemplo disso. Em Éfeso os cristãos abandonaram o primeiro amor, isto é, o fervor cristão. Em Pérgamo e Tiatira os cristãos deixaram a Deus para adorar ídolos e praticar a prostituição. Em Sardes e Lacodicéia os cristãos, por causa da riqueza, se apagaram espiritualmente, achando que não mais precisavam de Deus.

No começo eram todas igrejas zelosas, consagradas e ativas, em que os cristãos viviam realmente a sua fé. Agora eram igrejas mortas, com cristãos mortos numa cidade morta.

Por isso Deus os adverte, dizendo: "Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, mas estás morto. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras. E se não, removerei o teu candeeiro, caso não te arrependas. Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida".

Não basta apenas se tornar cristão. É preciso continuar cristão, permanecer cristão, ser cristão sempre, até a morte.

Um jovem, muito cristão, foi ao baile. Queria ver o que se fazia lá. Lá pela meia noite estourou uma briga. E ele, levado pelas más companhias, havia tomado uns goles, quis dar uma de valentão. Resultado: levou um tiro na cara e morreu. Não foi fiel, e com a morte pode ter perdido a coroa da vida eterna.

Um senhor, chefe de família, também cristão, num momento de fraqueza, se envolveu com a mulher do vizinho. Um dia ele foi pego em flagrante e morto a paulada pelo marido dessa mulher. Não seguiu a recomendação de Jesus e perdeu a coroa da vida eterna.

Outro senhor, sempre ativo na igreja, por causa de problemas pessoais, começou a se afastar da igreja. Deixou de participar dos cultos, de ir a Santa Ceia e de ler a Bíblia. Um dia, na hora do culto, em lugar de ir para a igreja, foi dar um passeio. Na volta, meio embriagado, bateu o carro, morrendo na hora. Onde está ele agora, no céu? Será que não perdeu a coroa da vida eterna?

A pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é perder a vida eterna. É uma perda irreparável. Pior do que perder a Copa do Mundo.

Os atletas gregos, nos jogos olímpicos, se preparavam durante anos a fio para conquistar uma coroa de flores. Hoje os corredores ganham um pouco mais do que flores. Ganham uma medalha de ouro.

O prêmio que Cristo promete ao vencedor na corrida à eternidade é muito mais do que uma coroa de flores ou uma medalha de ouro. É a coroa da vida eterna, o direito de morar com ele no céu. Vale a pena esforçar, permanecer fiel, para não perder esse prêmio.

Há muitos anos atrás, realizou-se na antiga Grécia uma grande corrida, em que participaram milhares de corredores das mais diferentes partes do mundo. Entre eles estava um velhinho com mais de setenta anos de idade.

Quando foi dada a largada, o velhinho saiu correndo com os atletas jovens. Mas, como não tinha mais aquela resistência dos jovens, ele foi ficando para trás. Quando viram que ele estava ficando para trás, todos começaram a debochar dele, dando vaias e gritando, pedindo que ele desistisse antes que o reumatismo o matasse.

Mas o velhinho não desistiu. Devagar, mas sempre firme, ele continuou correndo. E foi avançando, avançando, até que alcançou o alvo. Enquanto que os mais jovens, atraídos pelos aplausos, foram ficando pelo caminho.

Por isso diz um ditado mui corretamente: "Mais vale correr sozinho no caminho certo, às vezes até debaixo de gargalhadas, do que correr no caminho errado, sob os aplausos de muitos".

Corramos, portanto, sempre firmes em direção à vida eterna, não olhando para o que os outros falam ou dizem de nós. Olhemos firmemente para Jesus, o autor e consumador da nossa fé, do qual depende a nossa salvação, bem como forças para chegar à pátria celestial.

Que Deus nos mantenha fiéis na fé em Cristo Jesus até à morte e nos dê, na sua graça, a coroa da vida eterna. Em nome de Jesus. Amém.
Texto de Lindolfo Pieper

Um comentário:

Unknown disse...

A mensagem acima, escrita pelo pastor Lindolfo Pieper da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, pode ser encontrado no link http://www.uni-goettingen.de/de/suche.html?query=lindolfo+pieper&sln=all